O Pix do BRICS surge como alternativa ao dólar e ao sistema SWIFT, oferecendo transferências rápidas e baratas entre os países do bloco. Para o Brasil, representa a chance de ampliar exportações, reduzir custos e fortalecer sua posição no comércio internacional.
O que é o Pix do BRICS?
O chamado Pix do BRICS é uma iniciativa do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — além de novos membros como Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos — para criar um sistema de pagamentos instantâneos internacionais. Oficialmente batizado de BRICS Pay, o projeto foi apelidado de “Pix Global” por sua semelhança com o sistema brasileiro de transferências instantâneas.
O objetivo é reduzir a dependência do dólar em transações entre países do bloco, oferecendo transferências rápidas, seguras e com menor custo.
Como funciona o BRICS Pay
O BRICS Pay utiliza tecnologias modernas como blockchain, QR codes, carteiras digitais e um canal de comunicação entre bancos centrais.
A base do sistema é o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), desenvolvido na Universidade Estatal de São Petersburgo.
Características do DCMS:
Operação descentralizada, sem controle de um único país.
Alta segurança com protocolos de criptografia.
Código aberto após fase de testes, sem tarifas obrigatórias.
Capacidade de processar até 20 mil mensagens por segundo.
Pix do BRICS x Pix do Brasil
O Brasil tem papel central nesse processo, já que o Pix é considerado o modelo de referência entre os países do bloco. O BRICS Pay deverá integrar sistemas nacionais já existentes, como:
Pix (Brasil) – mais de 227 milhões de transações diárias (setembro/2025).
SBP (Rússia) – usado por mais de 200 instituições financeiras.
UPI (Índia) – referência mundial desde 2010.
IBPS (China) – suporte a múltiplos canais de pagamento em yuan.
PayShap (África do Sul) – sistema de transferências rápidas e digitais.
Essa interoperabilidade poderá criar um gateway financeiro único, permitindo que brasileiros façam pagamentos no exterior usando o Pix, e que turistas utilizem seus sistemas nacionais no Brasil.
Impactos econômicos e geopolíticos
O Pix do BRICS promete reduzir custos cambiais, aumentar a competitividade das exportações e atrair investimentos. Setores como agronegócio, mineração e energia podem se beneficiar, já que as transações poderão ser feitas em moedas locais, sem a necessidade de conversão para dólar.
Entretanto, o projeto tem gerado forte reação dos EUA. O presidente Donald Trump classificou o BRICS como um grupo “antiamericano” e chegou a impor tarifas sobre produtos brasileiros, além de abrir investigação sobre o sistema Pix.
Especialistas afirmam que o Pix do BRICS é parte de uma disputa maior: a tentativa das potências emergentes de reduzir a hegemonia econômica norte-americana.
O Brasil e a presidência do BRICS
O Brasil terá papel de destaque em 2026, quando assume a presidência rotativa do bloco. A expectativa é que o país lidere a integração técnica e regulatória do sistema, aproveitando sua experiência com o Pix e o Drex (moeda digital brasileira).
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a adesão pode abrir mercados como Irã e Emirados Árabes Unidos, fortalecendo ainda mais o comércio exterior brasileiro.
Quadro comparativo: Pix Brasil x Pix do BRICS
| Característica | Pix (Brasil) | Pix do BRICS |
|---|---|---|
| Moeda | Real (BRL) | Moedas locais dos países |
| Tempo de transação | Instantâneo | Instantâneo |
| Alcance | Nacional | Internacional (países do bloco) |
| Custos | Zero ou baixo | Menores que no SWIFT |
| Base tecnológica | Infraestrutura local | Blockchain + DCMS |
| Integração | Bancos e fintechs brasileiros | Bancos centrais dos BRICS |
Futuro do Pix do BRICS
A previsão é que o BRICS Pay seja lançado oficialmente no final de 2025, após testes-piloto entre Rússia e China. Até 2030, estima-se que o sistema possa movimentar centenas de bilhões de dólares por ano, desafiando a supremacia do SWIFT e abrindo caminho para uma nova ordem financeira global.

























